terça-feira, 9 de maio de 2017

Paulo Freire e a convicção de que a mudança é possível

09.05.2017

Daniel Bueno da Silva

Nesta segunda feira, dia 8, teve início o I Colóquio Paulo Freire, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Câmpus de Araguaína. Houve um momento cultural com músicas dos 'anos de chumbo', apresentadas por Gilberto Ichihara e Carlos Voltilho. Participaram do evento diversas autoridades institucionais e políticas, que prestigiaram uma palestra riquíssima. A professora Kênia Ferreira Rodrigues, vice-diretora do câmpus de Araguaína, deu as boas-vindas a todos, saudou a coordenação do Colóquio e lembrou o papel de vanguarda dos cursos de pós-graduação ao discutir temas importantes e caros à educação e declarou aberto o colóquio.

A professora Kênia Ferreira Rodrigues, vice-diretora do Câmpus de Araguaína, participa
da abertura do I Colóquio Paulo Freire (Foto: Antonio Carlos Ribeiro/UFT)

Em seguida, a professora Rosaria Helena Ruiz Nakashima, do colegiado de História, falou em nome da coordenação do evento, lembrando dos 20 anos da morte de Freire, destacou sua concepção de educação libertadora de Freire como instrumento que muda as pessoas, que efetivam as mudanças esperadas.

A professora Marizeti Lunckes, que propôs o tema do Colóquio antes de sua aposentadoria, prestigiou o evento  (Foto: Antonio Carlos Ribeiro/UFT)

'O legado de Paulo Freire para a Educação Amazônica', foi o tema da conferência ministrada pelo Prof. Dr. João Colares da Costa Mota, docente, pesquisador e pedagogo da Universidade Estadual do Estado do Pará (UEPA).  Em sua fala panorâmica, Mota apresentou aspectos essenciais para a compreensão do pensamento de Freire, como alguns aspectos da vida do pedagogo e que marcaram seu pensamento, como o fato de ser nordestino, de debater a alfabetização - que já o torna subversivo e quase uma afronta à tradição do centro-sul do país - e por ter visto e vivido de perto a seca e a pobreza dos nordestinos, tendo sido alfabetizado pelos pais.


O professor João Colares da Costa Mota, da Universidade Estadual do Pará (UEPA), fala da importância de Paulo Freire para a Educação Amazônica (Foto: Antonio Carlos Ribeiro/UFT)

O pesquisador lembrou a atualidade do tema, destacando a influência que ainda hoje desperta o interesse de diversos grupos ao estudar sua vasta e rica obra, categorizando as ideias presentes nos títulos, destacando a preocupação de Freire pela autonomia, conscientização e diálogo com oprimido. A originalidade de Freire está na sua capacidade de captar, dialogar com a pedagogia e ressignificar ações de resistência contidas na memória coletiva de grupos historicamente oprimidos, além de sua capacidade de dialogar ao mesmo tempo com conceitos e instrumentos acadêmicos, enfatiza o conferencista.

O professor Mota Neto lembra que uma contribuição fundamental de Freire - que viveu o exílio nos Estados Unidos e na Europa, durante a ditadura civil-militar - foi influenciar na formulação de novos paradigmas, que extrapolaram o espaço escolar e acadêmico, chegando às prisões, aos centro comunitários e a diversos tipos de espaço que possibilitassem um ambiente pedagógico, através de sua proposta de alfabetização.

Com relação à contribuição de Freire para a Educação Amazônica, o pesquisador observa que todos os avanços conquistados pelas regiões nordeste e norte para o aprimoramento da construção de uma educação popular tem sido historicamente silenciados. Para mudar esse quadro, o conferencista aponta a necessidade de contarem a história, a luta e a experiência dos povos da região amazônica, a partir do legado do grande e premiado pedagogo. Essa atitude será fundamental para tornar cada vez mais visível influência de Paulo Freire na Educação Amazônica, provocando os educadores dessa região à leitura e releitura deste intelectual.

Entre os presentes, docentes do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura e Território (PPGCULT), docentes e discentes do Instituto Federal do Tocantins (IFTO) e
convidados (Foto: Antonio Carlos Ribeiro/UFT)

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