sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Das políticas públicas ao currículo multiculturalista

11.11.2016

Antonio Carlos Ribeiro

Araguaína - O III Fórum das Licenciaturas da Universidade Federal do Tocantins - UFT, realizado na 6ª feira (11) pela manhã, no auditório da Faculdade Católica Dom Orione - FACDO, levantou a questão das Políticas Públicas e Currículo multiculturalista na formação docente.

A mesa redonda teve a participação do Prof. Dr. Cleomar Locateli, da UFT (Câmpus Tocantinópolis) e do Prof. Dr. Damião Rocha, da UFT (Câmpus de Palmas) e foi coordenada pelo Prof. Dr. Walace Rodrigues, do Colegiado de Letras.

O Prof. Locatelli apresentou uma pesquisa histórica, mostrando a forma como a educação é tratada desde o período imperial, especialmente após o surgimento das primeiras universidades, que nunca se mostraram preocupadas com a formação pedagógica dos professores, privilegiando o domínio do objeto do ensino.


A licenciatura de baixa qualidade e a desvalorização profissional
(Foto: Antonio Carlos Ribeiro/UFT)

As formações emergenciais sempre utilizaram os chamados 'professores leigos', fato que tornou pouco importante o papel da licenciatura, tornando-a apenas um 'verniz pedagógico' até nossos dias, quando esse fenômeno fica encoberto pela chamada 'certificação alternativa' em países desenvolvidos.

Isso implica também que a formação em massa e de qualidade duvidosa, enfatizou Locatelli, se reflete na desvalorização dos profissionais do magistério. Isso resulta no aligeiramento e na flexibilidade fora da universidade, que reduzem a qualidade acadêmica, científica e cultural.

E concluiu enfatizando a urgência do compromisso com a educação de qualidade, do direito à igualdade, da superação do aligeiramento, da universidade como locus de formação e da compreensão da relação entre formação e valorização do trabalho.

O Prof. Damião Rocha apresentou o tema da diversidade aplicada à formação de docentes, que envolve multiculturalismo, interculturalidade, alteridade, diversidade e o encontro com o diferente e as diferenças, partindo da metáfora  entre o arco-íris e o daltonismo, surgida da polarização entre a pluralidade de cores e a incapacidade de percepção visual.

Rocha e a metáfora entre o arco-íris e o daltonismo
(Foto: Antonio Carlos Ribeiro/UFT)

Debate a 'crítica da razão indolente', de Boaventura Souza Santos, que explica a situação do golpe, que não surge da busca de respostas às demandas, mas da decisão pela inércia intelectual que exibe a realidade brasileira imersa na crise de paradigmas - o período de transição da zona limítrofe entre a incapacidade do novo e o retorno ao que já não satisfaz - obrigando o surgimento do epistemicídio, o assassinato do conhecimento.

A interculturalidade se coloca entre o encontro enriquecedor com o diferente e a necessidade patológica de canibalizar as diferenças, com a ingênua pretensão de superar pela força. É ela quem mostra a existência como interação educativa dos culturalmente diversos, com diálogo e respeito mútuo, e propõe um 'arco-íris curricular'.

0 comentários:

Postar um comentário