sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Dia Internacional dos Direitos Humanos: o que comemorar?

08.12.2017

Martha Victor Vieira

Após os tempos sombrios das duas grandes guerras mundiais ocorridas na primeira metade do século XX, os representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) resolveram emitir, em 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essa Declaração, que reconhece o fato de todos os seres humanos nascerem livres e iguais em dignidade e direitos, tornou-se um marco tão importante em matéria de direitos universais que, em 1950, o dia 10 de dezembro passou a ser comemorado como o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

No final de 2017, contudo, o que temos a comemorar nesta data? No contexto internacional temos a crise dos refugiados, a xenofobia, as ameaças de guerra, os conflitos na Síria e os atentados do Estado Islâmico. No âmbito nacional, uma conjuntura política incerta pelas denúncias de corrupção, reformas que retiram direitos trabalhistas, retirada da obrigatoriedade de disciplinas fundamentais na área de humanidades, como história e geografia, atitudes arbitrárias das autoridades policiais e a ameaça da chamada Lei da Mordaça, que defendem o Movimento da Escola “Sem Partido”. 

Como comemorar direitos humanos em tempos que parece que vivemos um retrocesso em termos de tolerância, solidariedade e respeito com os outros? O que comemorar em tempos quando a indignação nos domina o espírito e o grito está sufocado na garganta, porque gritar em meio ao barulho suscitado pela tormenta moral reinante parece uma atitude insana. Não conseguimos ouvir uns aos outros, apesar de termos tantas informações e tantas formas de comunicação.

O que comemorar? Vamos comemorar a insanidade sã. A insanidade que nos dá força para continuar resistindo às marés tempestuosas. Vamos comemorar a trajetória de luta de diferentes grupos que não desistiram de lutar para terem visibilidade social na contemporaneidade. Vamos comemorar as demandas por novos direitos e a bandeira do respeito à diversidade de gênero, étnica, religiosa, racial, etária e dos deficientes físicos.  Vamos comemorar as várias manifestações de solidariedade de que temos notícia nos momentos de desastres naturais. Vamos comemorar as atitudes de resistência em defesa da humanidade. Em defesa de uma sociedade cujo projeto principal seja preservar o bem estar do ser humano, lembrando que este bem estar depende não somente de cuidar do nosso meio ambiente físico, mas do nosso ambiente pessoal e mental.

Para que nosso ambiente pessoal melhore é preciso que sejamos solidários e fraternos uns com os outros. É preciso que respeitemos nossa família, amigos, colegas de trabalho e vizinhos. Uma boa forma de mudar o mundo é começar a cuidar de melhorar a si mesmo, especialmente, no que tange da sua relação com o próximo. No Dia Internacional dos Direitos Humanos, é bom nos lembrarmos da dimensão sensível e complexa que nos qualifica como humanos.

* Membro da Comissão dos Direitos Humanos e Cidadania da UFT, Campus de Araguaína

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