terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Programa de Pós-Graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (PPGDire)

06.12.2016

Bianca Zanella

O Programa de Pós-Graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (PPGDire/UFT) localizado no Câmpus de Araguaína, tem os seguintes objetivos:


Objetivo Geral


Desenvolver estudos interdisciplinares sobre populações vulneráveis urbanas e/ou rurais da região norte do país, a partir de suas demandas e interesses, a fim de compreender as dinâmicas regionais e os processos de exclusão das mais diferentes matizes: social, geográfico, econômico, psicológico, educativo, linguístico, de forma a esclarecer suas características e auxiliar em intervenções e produções de tecnologias sociais adequadas a população estudada; e formar professores para o ensino de terceiro grau, aptos a pensar a vulnerabilidade e possibilidades de superação, a partir de um olhar interdisciplinar, fortalecendo os processos de ensino, pesquisa e extensão.


Objetivos Específicos

- Contribuir para os estudos sobre populações vulneráveis, compreendendo a dinâmica regional e sua intersecção com as esferas nacionais e mundiais;
- Proporcionar a formulação de novas compreensões acerca da condição humana contemporânea em populações vulneráveis;
- Entender as dinâmicas que levam ao processamento das ações coletivas, dos grupos organizados e dos movimentos e das lutas sociais;
- Elaborar instrumentos das ciências sociais aplicadas e das ciências humanas que visem colaborar com estudos e intervenções das demandas populares e das dinâmicas regionais.


Histórico

O Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais nasce a partir da dinâmica de encontros entre professores de diferentes cursos e câmpus da Universidade Federal do Tocantins, circunstanciados pela proposição e execução de projetos aprovados em editais nacionais. Tais projetos foram propostos a partir da convergência de interesses de pesquisa e ações de extensão dos professores envolvidos no projeto do curso.

Como exemplo dessa dinâmica, mencionamos o Projeto do Curso de Pós-Graduação lato sensu em Gestão Pública e Sociedade, aprovado no edital Convênio MTE/SENAES/N.º744639/2010, de abrangência nacional, resultado da colaboração entre a Universidade Federal do Tocantins e seu Núcleo de Economia Solidária situado no Câmpus de Palmas (Nesol/UFT/Palmas); e a Universidade de Campinas (Unicamp) e seu Grupo de Análise Política de Inovação (Gapi). Sua origem remete ao ano de 2009, mais especificamente ao curso de especialização em  Gestão Pública e Sociedade, então em sua terceira edição, ofertado pela Universidade Federal do Tocantins no Câmpus de Palmas, proposto e coordenado pelo Professor Dr. Edi Benini, do Curso de Administração e pertencente ao Núcleo de Economia Solidária.

Entre as proposições do curso é possível identificar as origens das preocupações dos professores envolvidos com muitas das questões que originariam a proposta de criação do programa de pós-graduação stricto sensu Demandas Populares e Dinâmicas Regionais. A terceira turma do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade teve seu inicio no ano de 2009 em Palmas/TO. O curso foi inicialmente concebido para atender e formar profissionais do setor público comprometidos com a melhoria das ações governamentais e o consequente bem estar da população, bem como se destinou também para lideranças da sociedade civil, pesquisadores e cidadãos engajados na discussão dos interesses coletivos da sociedade em geral, na perspectiva da emancipação social. Discutir a Gestão Pública, sob a ótica da sociedade civil, significou justamente colocar em primeiro plano a formação do interesse público e os meios para sua realização efetiva.

A essa dinâmica somaram-se as discussões realizadas no câmpus da UFT localizado no município de Araguaína entre professores dos cursos de Geografia, Biologia, Letras e Gestão de Cooperativas; com o objetivo de estruturar proposta de APCN capaz de convergir interesses de pesquisa com as diversas questões sociais apresentadas pelo município supracitado. Como resultado das duas frentes mencionadas foi estruturado o curso de pós-graduação stricto sensu Demandas Populares e Dinâmicas Regionais, encontra-se estruturado entorno das discussões envolvendo o marco conceitual de vulnerabilidade social. Dois pressupostos complementares devem ser considerados para compreensão daquilo que se entende como vulnerabilidade social.

O primeiro deles diz respeito àquilo que se percebe como risco à integridade física ou prejuízos sociais diante de mudanças ou permanências de situações entendidas como desfavoráveis; como exemplo pode-se mencionar conflitos de origem externa aos indivíduos. O segundo é referenciado na capacidade de estruturar respostas que grupos sociais ou indivíduos apresentam diante das mudanças e contextos que o meio social e natural impõem. O resultado dessa dinâmica pode ser traduzido como sensação de indefesa, medo e insegurança diante dos riscos de se viver em sociedade (MONTEIRO, 2011, p. 33).

Somadas a essas discussões conceituais estão os resultados divulgados no Atlas da Vulnerabilidade Social, para os municípios brasileiros, publicado pelo Ipea no ano de 2015. Tais resultados encontram-se sustentados pelo chamado índice de Vulnerabilidade Social, IVS, que procura identificar a vulnerabilidade além da simples constatação da ausência de recursos monetários.

"O Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), construído a partir de indicadores do Atlas do Desenvolvimento Humano (ADH) no Brasil, procura dar destaque a diferentes situações indicativas de exclusão e vulnerabilidade social no território brasileiro, numa perspectiva que vai além da identificação da pobreza entendida apenas como insuficiência de recursos monetários. O IVS é um índice sintético que reúne indicadores do bloco de vulnerabilidade social do ADH, os quais, apresentados por meio de cartogramas e estruturados em diferentes dimensões, servem de suporte para a identificação de porções do território onde há a sobreposição daquelas situações indicativas de exclusão e vulnerabilidade social no território, de modo a orientar gestores públicos municipais, estaduais e federais para o desenho de políticas públicas mais sintonizadas com as carências e necessidades presentes nesses territórios. Complementar ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), o IVS traz dezesseis indicadores estruturados em três dimensões, a saber, infraestrutura urbana, capital humano e renda e trabalho, permitindo um mapeamento singular da exclusão e da vulnerabilidade social para os 5.565 municípios brasileiros (conforme malha municipal do Censo demográfico 2010)". (Atlas da Vulnerabilidade Social nos municípios brasileiros, Ipea, 2015 p. 12)

Considerando variáveis como infraestrutura urbana, renda e trabalho; sabe-se de antemão que a região norte do Brasil apresenta índices bastante distantes do que seria considerado adequado.  Quais os mecanismos para a redução dessa vulnerabilidade? É possível estruturar e mesmo adequar políticas públicas a partir das demandas das populações da região que ora demonstramos?

Percebe-se que os desdobramentos das discussões que resultaram na definição do conceito possibilitam entendê-lo como um sólido referencial para discussões que se pretende realizar num câmpus localizado no extremo norte do estado do Tocantins, município de Araguaína; Região Norte do Brasil, distante 375 km da capital Palmas. Limites geográficos nos aproximam de regiões que apresentam dinâmicas sociais conflitantes, a saber, sul do Pará e sul do Maranhão,  perceptíveis a partir de dois vetores de análise.

O primeiro desses vetores diz respeito ao histórico e notório déficit de eficiência nas políticas públicas direcionadas à região norte do Brasil. Variáveis como saúde, educação e segurança pública respondem ainda nos dias de hoje por significativa parcela das questões que afligem as populações residentes na região. O câmpus encontra-se a 235 km do município de Araguatins, município mais populoso localizado na região do estado do Tocantins conhecido como Bico do Papagaio, localidade que se tornou nacionalmente conhecida pelos intensos conflitos agrários nos anos 70 e 80 e que ainda nos dias atuais convive com a herança de tais conflitos. No que diz respeito à proximidade com regiões nacionalmente reconhecidas como de baixo IDH, sul dos estados do Maranhão e do Pará, estamos localizados a 123 Km do município de Estreito/MA, situado na divisa entre os estados do Tocantins e Maranhão; e a 174 Km do município de São Geraldo do Araguaia/PA, na divisa entre os estados do Tocantins e do Pará. 

O segundo desses vetores diz respeito aos recentes movimentos migratórios observados no Brasil. Municípios da região norte se estabelecem como atrativos da mão de obra por seu crescimento econômico elevado em relação à média observada para as demais regiões do Brasil; como exemplo pode-se citar Araguaína no Tocantins; Marabá e Parauapebas no Pará. Muito próximo do câmpus da UFT em Araguaína localiza-se também o município de Imperatriz no Maranhão e que igualmente apresenta atratividade na migração, também por seu crescimento econômico. Dentro dessa dinâmica deve-se ressaltar o avanço do agronegócio, da criação recente de universidades federais, entre as quais podemos citar a própria UFT e a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e o crescimento conturbado dos municípios mencionados.


Área de Concentração

Demandas Populares e Dinâmicas Regionais

O programa se subdivide em duas linhas de pesquisa que objetivam os estudos referentes a vulnerabilidade social, seja ela urbana ou rural, a partir do olhar interdisciplinar, que permita entender melhor as dinâmicas regionais e pensar quais fatores contribuem para a manutenção da realidade, superação ou retrocesso dos processos. Compreende-se vulnerabilidade como evidenciação de ameaças de diferentes espécies; como sociais, ambientais, emocionais, econômicas, geográficas, entre outros e a capacidade interna individual, do grupo e /ou comunidade terem ou desenvolverem ferramentas de superação (Monteiro, 2011); e demandas populares como resultados de vulnerabilidades que atingem um número maior de pessoas denunciando que suas questões se referem a aspectos do contexto social mais amplo.

O foco do programa, em torno do conceito de vulnerabilidade social, permite vislumbrar para a região norte do país um caleidoscópio de informações, conhecimentos e narrativas que auxiliem na visualização dos condicionantes estruturais dessa situação, sejam questões simbólicas econômicas, sociais, de orientação sexual, de raça, etnia, gênero, podendo re-pensar e/ou subsidiar políticas públicas que considerem as especificidades das localidades, socialidades, subjetividades, bem como, aquilo que favoreça a constituição de superação das dificuldades, da diminuição das desigualdades sociais, da promoção da mobilidade social e da democracia. Além dessa compreensão, o programa pretende elucidar fatores que surjam da dialética dos próprios grupos sociais e dos pesquisadores, que se caracterizem como possibilidades e ferramentas de superação da vulnerabilidade constituindo-se em tecnologias sociais.

Assim, caracterizar as demandas populares e as vulnerabilidades sociais dentro das dinâmicas regionais do Norte do Brasil é condição para analise, compreensão e instalação de políticas sociais e educativas, bem como de intervenções, no sentido de reverter e/ou prevenir fatores de entraves sociais. Dessa forma as duas linhas de pesquisa aglutinam aspectos investigativos específicos em torno das demandas populares e dinâmicas regionais. Um uma das linhas de pesquisa estão concatenados interesses comuns que elucidem aspectos históricos, geográficos e educacionais de grupos compreendidos como vulneráveis. Na outra temos olhares das ciências naturais, psicologia e administração pública; também tendo como foco grupos específicos. Ambas as linhas tem como pressupostos, além da visualização de fatores que favoreçam a superação dos entraves para superação da vulnerabilidade, a verificação daqueles que colaboram com a organização de grupos, de ação coletiva, de compreensão do ambiente físico, social, político e psicológico, com vistas a constituir ferramentas de intervenção e de subsídios de políticas públicas de maneira a colaborar com o desenvolvimento local e regional.


Linhas de Pesquisa

Desenvolvimento e Tecnologias Sociais

Engloba estudos técnicos metodológicos que possibilitem a construção de ferramentas de análise, intervenção e compreensão do ambiente natural e urbano, da subjetividade humana, das formas de trabalho, da gestão e da produção de populações urbanas e ou rurais vulneráveis. Incluem-se os estudos sobre recursos naturais, manejo sustentável, aspectos psicológicos da vulnerabilidade, agricultura familiar, organicidade do trabalho, gestão social e economia solidária, a fim de subsidiar olhares e tecnologias sociais para as populações estudadas. Essa linha pressupõe o envolvimento acadêmico e dos grupos estudados, de forma dialógica, a fim de pensar a realidade social, seus determinantes e entraves, bem como, possibilidades, formas de superação que proporcionem tanto a elaboração de tecnologias sociais quanto aquilo que possa gerar desenvolvimento local e regional, integrado, sustentável e aplicado a diversos setores, como meio ambiente, educação, políticas públicas e comunidades. Nessa perspectiva, são valorizados saberes populares, saberes da prática cotidiana, incentiva as práticas sociais participantes e coletivas, produzindo e socializando conhecimentos que permitam a construção social e o desenvolvimento.


Vulnerabilidade e Dinâmicas Regionais

Engloba estudos que objetivem elucidar demandas, características e potenciais sobre populações vulneráveis de áreas urbanas e rurais, no que se refere a espacialidade, historicidade, olhares sociais, artísticos, e educacionais, tanto do ponto de vista formal como não formal. Os estudos terão como ponto comum a população, permitindo uma gama de trabalhos que possam subsidiar políticas públicas que auxiliem na reversão da vulnerabilidade e do sofrimento humano, bem como em intervenções capazes de afirmar a construção de novas narrativas, identidades histórico-sociais e permitam a visualização de novas socialidades. Entende-se que pesquisas, interdisciplinares voltadas para a vulnerabilidade social e a compreensão dessas, nas dinâmicas regionais, permitem entender e implementar ações que possibilitem a superação da exclusão e a constituição de mecanismos que levem ao desenvolvimento da região.


Contatos

Universidade Federal do Tocantins
Câmpus de Araguaina

Secretaria da Direção do Câmpus
Telefone: (63) 3416-5601 | (63) 3416-5602

Coordenador: Dr. Miguel Pacifico Filho – miguilim@uft.edu.br
Vice-coordenadora: Drª Thelma Pontes Borges – thelmapontes@uft.edu.br


Pesquisadores

Docentes

O corpo docente integrante do curso de mestrado em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais foi constituído a partir dos parâmetros contidos no Documento de Área 2013 referente à avaliação em Planejamento Urbano e Regional/Demografia. Considerando este primeiro referencial juntamente com o contexto de origem da proposta, o câmpus da UFT localizado no município de Araguaína, foram aglutinados profissionais capazes de formular questões num cenário constituído a partir daquilo que pesquisadores do Centro de Estudos de Desenvolvimento Econômico (Cede), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico da Unicamp, chamaram em artigo publicado em 2014 de “a centralidade do município de Araguaína/TO na Amazônia oriental”.

Segundo os autores as condições observadas nesse município impõem uma serie de problemáticas que podem ser visualizadas a partir da seguinte constatação: as condições de expansão recente da fronteira agrícola mineral no Brasil permitiram que surgissem cidades intermediárias mais dinâmicas e, conseqüentemente, uma rede urbana regional mais adensada e mais complexa. Com a mecanização do campo e a conseqüente expulsão de parte da mão-de-obra para as cidades, esses processos foram intensificados. Trata-se de uma re-hierarquização da rede urbana com novas características, mas que mantém alguns traços de nosso subdesenvolvimento (...) Araguaína se constitui como um importante centro regional na região de fronteira de expansão, onde as cidades médias têm um papel cada vez mais importante de articulação econômica.

Os professores do PPGDire possuem trajetórias formativas em diferentes áreas do conhecimento (Biologia, Letras, Psicologia, Pedagogia, História, Geografia, Administração Pública), o que contribui para um olhar diversificado e plural sobre as questões que permeiam o desenvolvimento regional. Os docentes permanentes pertencem a colegiados de distintos cursos de graduação, o que condiciona a existência de atividades integradas com os corpos docentes e discentes desses cursos, em especial, nos núcleos e projetos de pesquisa.

Airton Cardoso Cançado*
Edi Augusto Benini
Gecilane Ferreira
João de Deus Leite
Lilyan Rosmery Luizaga
Luciano Guedes
Miguel Pacífico Filho
Priciane Correa Ribeiro
Tatiane Marinho Vieira Tavares
Thelma Pontes Borges
Walace Rodrigues
* Professor Colaborador


Discentes

Egressos


Informações Curriculares

Regimento

Matriz Curricular

Disciplinas

Calendário Acadêmico

Horários


Processos Seletivos

Editais

Seleção para aluno regular - entrada 2017.1

Transcrito de http://ww2.uft.edu.br/ensino/pos-graduacao/mestrado-e-doutorado/17270-ppgdire

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