sábado, 24 de março de 2018

Os direitos dos cidadãos na perspectiva dos(as) acadêmicos(as) da UFT/Araguaína

24.03.2018

Martha Victor Vieira*

Em pesquisa realizada com 110 acadêmicos(as) de diversos cursos, pelos alunos(as) do 5º período de história matutino, na disciplina de História do Brasil IV, entre os dias 20 e 26 de fevereiro de 2018, no campus da UFT- Araguaína, foi possível levantar dados sobre as percepções de direitos que possuem esses acadêmicos (as). A maior parte da faixa etária que participou da pesquisa possuía entre 17 a 47 anos.

(Foto: direitosedeveresdocidadao.wordpress.com)

As questões presentes no questionário, respondido de forma anônima, envolveram a importância e a obrigatoriedade do voto; as visões que se possui sobre os três poderes da república; as demandas por direitos (civis, políticos e sociais); a expectativa de melhora com as futuras eleições presidenciais e as opiniões que se tem sobre o que se deve fazer para o Brasil melhorar.

No que tange ao voto, 85% considera que é importante, contudo,  70% afirma que o voto deveria ser facultativo. Cerca de 86% dizem que votam em candidatos de acordo com as ideias que defendem, mas 24,5%  dizem que votam em pessoas. Em relação à expectativa pela ampliação de direitos apurou-se que 59% demonstra dar mais importância aos direitos sociais (saúde, educação, trabalho). Apenas 4,5% consideram os direitos políticos como algo fundamental. Apurou-se ainda que 40% dos (as) acadêmicos (as) acreditam que uma melhor atuação do poder legislativo contribuiria para melhorar a situação do Brasil e 30% acha que é uma maior qualidade do poder executivo que fará o Brasil melhorar. 

Fazendo um balanço desses dados nota-se uma grande desconfiança em relação ao cenário político e também um pessimismo em relação ao futuro porque 60% avaliam que o país não irá melhorar com um novo presidente. A maioria dos que participaram da pesquisa, respondendo ao questionário, afirma também que a solução para a melhoria da sociedade brasileira é o investimento em educação. Mas aparece também a necessidade de respeito à diferença e o maior combate a corrupção.

Os dados apurados assemelham-se a outros trabalhos feitos sobre cidadania no Brasil, que indicam o grande apreço que os brasileiros possuem pelos direitos sociais e o fato de que muitos consideram o voto como um dever pelo fato de ser obrigatório. Apesar do pessimismo com a política, que é compreensível pelas denúncias de corrupção e a baixa renovação dos quadros políticos no Brasil, entendemos que essa pesquisa tem um aspecto bastante positivo porque indica que muitos acadêmicos estão atentos às ideias defendidas pelos candidatos a cargos públicos, o que revela que os universitários da UFT tem interesse nos projetos divulgados pelos políticos. Avaliar ideias e projetos é um passo significativo para o desenvolvimento de uma cultura política cívica, participativa, que é o ideal a ser perseguido em toda sociedade democrática.

Vivendo em uma democracia representativa, na qual a participação se faz pela via indireta, temos que valorizar o processo eleitoral e exigir maior compromisso, responsabilidade e ética dos nossos representantes públicos. Não se pode tolerar discursos e práticas que instigam a violência e o desrespeito com a “coisa pública”. O mundo em que vivemos precisa de mais sentimento republicano e tolerância social. É importante que as pessoas sejam atuantes na sua escola, no seu bairro, na sua cidade, pois é por meio da participação e do engajamento que ajudaremos a construir uma sociedade mais justa e menos desigual no Brasil.

*Professora de História do Brasil, do Colegiado de História da UFT/Araguaína)

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